domingo, 29 de janeiro de 2012

Seu irmão

Você Nasce.
Mas, você ainda é um pequeno bebê e não tem a capacidade de saber que aquela criança branquinha de orelhas grandes é seu irmão.
Os anos vão passando e você vai crescendo e agora você pode ver o laço sentimental que envolve você e seu irmão.
Conforme você vai crescendo você passa a admirar aquela pessoa, que aos seus olhos se torna cada vez mais bela e ao seu coração mais amada.
Você já cresceu bastante e agora você e seu irmão começam a compartilhar as coisas. As coisas são sentimentos, palavras de consolo quando a sua auto-estima está baixa, risadas, piadas que só vocês dois conseguem entender, livros, pensamentos, computadores...
É surpreendente como esse laço se torna cada vez mais forte, maior. É como um bicho que quando alimentado vai se desenvolvendo, e o alimento disso é o amor.
O seu irmão é jovem e feliz e consequentemente tem desejos e faz o que estiver ao seu alcance para realizá-los. Então o seu irmão fica longe de você por um mês. É o tempo o suficiente para que você sinta falta de brigas, de dormir juntos no sofá, de saudá-lo com apelidos criados por você em voz alta...Mas o seu irmão voltou, e, tudo é normal novamente.
Acontece que o seu irmão é jovem e feliz, e consequentemente tem sonhos e faz o que estiver ao seu alcance para realizá-los. O seu irmão foi embora para longe, bem longe, por causa de um sonho.
Agora você sabe o que é sentir realmente falta de alguém: Esse alguém é seu irmão.
Camila Sousa, 06/04/2011

Texto que a Milinha minha me deu numa folha quando retornei de viagem da última vez.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O ano ao vento

Era fim de 2011.

O ano mais incrível da minha vida.
O ano que sai de casa.
O ano que conheci pessoas inesquecíveis.
O ano que eu finalmente vi o que era o mundo de verdade.
O ano que eu descobri o que é apaixonar-se.
O ano que vivi muitas aventuras.
O ano que eu chorei.
O ano que eu sorri.
O ano que eu viajei.
O ano que fui assaltado algumas vezes.
O ano que pessoas se apaixonaram por mim.
O ano que eu ouvi histórias incríveis.
O ano que eu andei na chuva e no sol.
O ano que minha alma se apagou e se acendeu.
O ano que eu imaginei que nunca iria acabar.
O ano que revelei o meu mais profundo segredo.
O ano que eu estourei a minha bolha.
O ano que o vento me arrepiou cada vez que tocou meu rosto.

O ano já tinha acabado. Era 30 de dezembro. Minhas necessidades estavam me assolando por dentro. Estava a beira de fazer algo que nunca imaginei que faria na vida. Estava anoitecendo. Eu estava na JC. Chorando minhas mágoas. A situação com minha mãe não era a melhor. Eu precisava desabafar. Vi uma pessoa que antes eu evitava online. Algo me fez puxar conversa. A conversa começou. As palavras eram engraçadas. As palavras eram tristes. As palavras eram intensas. As palavras eram sentimentos. As horas passaram. A conversa não parou. A madrugada chegou. Os risos continuaram. As confidências começaram. As lágrimas rolaram. E os sorrisos abriram. O coração bateu. A espinha arrepiou. A mente se desligou.

Eu não esperava mais nada pra 2011 no penúltimo dia do ano, tudo que já havia acontecido até ali já tinha feito o ano valer a pena. Porém, a vida sempre nos surpreende quando menos esperamos. E ela me surpreendeu com uma das pessoas mas incríveis que já conheci na vida. A partir daquela noite meu coração e minha mente já não seriam mais os mesmos. Eles foram invadidos. Uma invasão deliciosa. Era como se meu coração se alegrasse toda vez que eu lia o seu nome e meus pelos se arrepiassem. Ouvir sua voz no reveillon foi algo simplesmente mágico. O tempo continuou e eu continuei sorrindo, continuei me arrepiando e tendo a felicidade de ter encontrado alguém que eu sempre quis, alguém que eu pudesse amar com sinceridade e ser amado de volta. Como se sylph fizesse o trabalho oposto ao da distâncias. Suas palavras eram reconfortantes e alegres. O tempo foi passando, e o sentimento? Ah... esse está só aumentando. ^^

Deus se esqueceu de nós?


Estou mal.

Desde que falei pra minha mãe a respeito da minha orientação sexual ela tem me tratado de certa forma diferente. No começo eu fui bombardeado por indiretas e diretas ácidas que ela me mandava durante todo o dia, foi assim até o final do ano. Falando de todas as formas possíveis que eu havia me transformado num ser repugnante que morrerá na sarjeta de AIDS. O ano novo veio e ela diminuiu com as indiretas. Contei pra minhas duas irmãs, cada uma reagindo de uma
forma diferente e particular, mas foi um alívio poder tirar esse segredo das costas. E hoje ela veio até meu quarto conversar comigo, falou o quão decepcionante e vergonhoso era ter um filho gay, porém que sempre me amaria.

Eu imagino o quão difícil seja pra ela aceitar isso tudo, pois nunca esperaram isso de mim. Se foi difícil para mim me aceitar e me compreender imagine para alguém como minha mãe. Sei que tem algo que nunca vou entender que é o que é ser mãe, porque apenas sendo para saber. Ela falou muito sobre o que os outros vão falar de mim, chacotas e piadas (principalmente dos meus tios irmãos dela, tios os quais não são exemplos nenhum de caráter e nem de nada e que deveriam estar a maioria na cadeia). Ela disse que não vai aceitar falarem de mim, pois ela me ama bastante e não suportaria eu ser agredido seja qual tipo de agressão que for.

Ela disse também que contou para meu irmão mais velho e falou que ele chorou bastante não acreditando que o "Leko" era isso. Reforçou a tristeza e a surpresa da minha irmã mais velha também em saber. Ela disse que não caiu a ficha, que não consegue imaginar como isso pode ter acontecido na família dela, que na família dela não existia esse tipo de coisa, falando que puxei isso da família do meu pai, tal coisa como se fosse uma doença genética.

Entramos no assunto de Deus (impossível conversar disso e Ele não surgir). Ela perguntando chorando porque que Deus permitia isso acontecer na vida dela. E ficou se questionando por um bom tempo enquanto lágrimas corriam em seus olhos. E como muito resistente a emoções alh

eias que sou, comecei a chorar também. Nunca quis fazer minha família sofrer e nem quero. Mas, infelizmente não é algo que escolhi, e que eu me repugnaria se continuasse com isso em segredo levando uma vida falsa.

Ela falou que por que mais que me amasse, que por mais que algum dia chegasse a amar o meu namorado ou marido, ela nunca aceitará isso, nunca ficará feliz em eu ser assim. Eu respondi pra ela que mesmo ela tendo o hábito de mentir (que eu repugno e nunca aceitarei) eu também a amaria. Ela meio que ficou calada, algumas lágrimas correram a mais e ela meio que entre muitas tentativas de explicação ela disse que ninguém é perfeito, que éramos para ser imagem e semelhança de Deus, porém há tanta "aberrações" no mundo, como um priminho meu (filho de casal evangélicos fervorosos) que nasceu sem olhos e com lábios leporino. Ela finalizou falando que parecia que Deus havia se esquecido de nós ou que Ele não se importava mais com os seres
humanos.

Ela me fez lembrar o significado do meu nome, que dá nome ao meu blog: "Quem é como Deus?". Quem é santo e inigualável igual Ele? Quem é poderoso e independente igual Ele? A que momento o ser humano parou de de servir a Deus como realmente deveria fazer? Meu medo é que minha mãe esteja certa, que Deus tenha realmente esquecido de nós e que tenha nos deixado apenas nas mãos da própria humanidade, o que será de nós se isso for verdade? Teoricamente tenho muitos motivos para que todas minhas crenças caiam por terra, porém nenhuma teoria é mais forte do que a minha vida, do que já chorei, do que já sorri, do que já senti e já vivi. Então não importa aonde eu estiver eu sempre procurarei ter Deus comigo e peço sinceramente que minha mãe esteja errada, pois se não fosse Ele eu não estaria aqui hoje vivendo tudo que estou vivendo para que futuramente eu possa ajudar alguém com esse meu
aprendizado.

"Não importam quantas lágrimas terei que derramar, desde que eu vá em encontro ao seu sorriso."